A definição popular de empatia é:
“Tentar se colocar no lugar do outro.”
À primeira vista parece fácil, mas na real, existem grandes desafios aqui…

Isso porque para se projetar no lugar do outro, você irá usar algum tipo de referência CRIADA NA SUA IMAGINAÇÃO ou VIVIDA. E a diferença entre referências imaginadas e vividas é enorme!
Imagine a cena: Você precisa passar no pronto socorro por um quadro de gripe e vê uma pessoa queixando-se de uma cólica renal (aquela dor superintensa causada por uma pedra no rim).
Se você nunca passou pela experiência, poderá, no máximo, imaginar o tamanho da dor que o outro está sentindo. Rapidamente você irá percorrer suas memórias em busca de momentos que teve dores nas costas e tentará imaginar como seria ter essa dor, baseado nos relatos, na fisionomia, nos gritos de quem está sentindo a dor.
Agora se você já teve pedras nos rins, aí a coisa é diferente. Certamente irá se lembrar daquele momento e terá a REAL NOÇÃO da intensidade da dor que o outro está sentindo.

Um outro exemplo é quando percebe um amigo(a) deprimido. Não só triste, mas clinicamente deprimido.
Se você nunca viveu a depressão, é fácil imaginar que a solução é só dar uma animada.
Isso porque não dá para ter a real noção do tamanho do sofrimento. Afinal tudo o que você vê é: um semblante fechado, pouca energia e pouco entusiasmo para realizar as atividades.
Ao utilizar as próprias referencias de momentos que esteve desanimado (e dar uma animada funcionou), quem nunca passou por um quadro de depressão, não consegue compreender profundamente qual é o tamanho do buraco, da tristeza, do vazio.
Você pode até se compadecer, ficar triste junto, ter pena…, mas no máximo, terá uma versão imaginada do que realmente está acontecendo.
Diante disso, percebemos que existem dois níveis de empatia:
A empatia “pensada”, quando você tenta se pôr no lugar da pessoa, sem ter vivido experiencias semelhantes e isso é um processo bastante mental e superficial.
E a “empatia sentida”, quando você encontra na sua história de vida momentos parecidos com o que o outro está passando e consegue fazer a correlação emocional entre o que sentiu e o que o outro está sentindo.
Nesse nível “sentido”, a empatia é mais profunda por compreender de forma lógica e emocional o que o outro está vivendo.

E isso vale tanto para os momentos de alegria, quanto para os momentos de medo, raiva, tristeza.
Ser empático de forma vivida é desafiador porque te faz reviver momentos, emoções histórias…, mas ao mesmo tempo permite compreender melhor o outro e encontrar a forma mais adequada de agir!
E se você quer ser empático, mas não tem a experiência vivida é só ter clareza que está fazendo o melhor que pode, se abrir para ouvir (porque dessa forma você consegue ter mais informações e aproximar mais a sua imaginação da realidade do outro) e agir com o coração!